‘É preciso um debate democrático sobre a questão do livro e leitura no Brasil’
Galeno Amorim, jornalista, ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional e um dos criadores da Feira do Livro de Ribeirão Preto, defende a criação de uma agenda para debater a retomada de uma política de Estado para a área da leitura
Agenda. Esta foi a última palavra debatida no evento “20 Horas de Literatura”, promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, em parceria com o Sesc SP e Prefeitura Municipal, entre os dias 14 e 18 de setembro. O tema foi debatido com mediação do professor Cristiano Barreira e o convidado Galeno Amorim, jornalista, ex-secretário municipal da Cultura, ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional e um dos criadores da Feira do Livro de Ribeirão Preto.
Durante o diálogo, no palco do Theatro Pedro II, Galeno relembrou as condições que resultaram na criação da Feira, em 2001. “Foi o resultado de um sonho. Passei anos ouvindo o quanto Ribeirão Preto merecia ter um evento deste tipo, então, com o apoio de parceiros, lideranças e da população, que abraçaram este projeto, pudemos concretizar esta ideia. Em 2004, foi criada a Fundação e, assim, a população se sentiu ainda mais dona da Feira”, afirmou.
Galeno falou da importância dos livros no processo de construção de uma cidade, lembrando que na primeira edição da Feira, 20 autores locais participaram do evento, número que saltou para 100 três edições depois. “Em 2001, pesquisas mostravam que cada morador da cidade lia dois livros por ano. Em 2004, este número já era de sete obras em um ano”, disse.
Neste momento, em que o Brasil não conta com uma política pública para a área de leitura, como ocorreu entre 2004 e 2006, quando coordenou o Plano Nacional do Livro e Leitura, responsável pela abertura de mais de 1.700 bibliotecas pelo país, Galeno defende a necessidade da sociedade estar atenta sobre a importância da criação de uma agenda para discutir a questão.
“Em momentos obscuros, muitas vezes aconteceram queima de livros em praça pública, censura a autores ou o desejo de sobretaxar os livros, como ocorre agora, elevando o preço das edições. É fundamental que se crie uma agenda, envolvendo toda a cadeia do livro e leitura, para a discussão da retomada de uma política pública para o setor, em âmbito municipal, estadual e Federal”, defendeu. “Neste sentido, é de grande importância que eventos como a Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto continue sendo palco destas discussões”, completou.
A ação “20 Horas de Literatura”, promovida para comemorar os 20 anos da Feira do Livro de Ribeirão Preto, contou com palestras 100% on-line de 20 autores convidados para falar sobre 20 palavras relevantes para o Brasil e o mundo nas últimas duas décadas, com transmissão ao vivo pela plataforma de conteúdo da Fundação (www.fundacaodolivroeleiturarp.com) e por suas redes sociais, como Facebook e YouTube. As transmissões estão disponíveis pelos canais da Fundação, podendo ser ainda acessadas por interessados. Cada palestra conta com profissionais especializados em tradução e interpretação em Libras.
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