A programação do projeto 40tena Cultural trouxe para um bate-papo, no dia 6 de maio, a ilustradora e quadrinista Lila Cruz, autora de “Almanaque de autocuidado” e “Pequeno livro de felicidades”, e a artista Sirlanney, que transita entre as artes plásticas e a literatura, conhecida por sua personagem de quadrinhos “Magra de Ruim”. A mediação desse encontro super bacana foi de Rebeca Puig, ilustradora e roteirista.
Na conversa, Lila Cruz resumiu sua vida artística: começou nos desenhos fazendo fanzines em casa - cerca de 900 produções. “Isso me deu conhecimento de produção gráfica. Foi aí que comecei a caminhar para a produção de livros. Em 2017, me aventurei fazendo capas de livros”, disse. A ilustradora comentou que nesse período deixou de pagar muitos aluguéis e contas pela falta de oportunidades. “Existe um mito que só fazemos ilustração. Mas a verdade é que vivemos chorando porque não temos trabalho e chorando porque estamos lotados de trabalhos”, brincou.
Já a artista Sirlanney contou que entrou na faculdade de artes com a vontade de fazer quadrinhos. Mas, foi após participar dos eventos e produzir fanzines, que começou a produzir de fato suas HQs. Hoje, segundo ela, as mulheres estão trabalhando mais com os quadrinhos. “Mas, infelizmente, esse trabalho não tem onde ser exibido, a não ser pela internet”.
Outro ponto apontado por Sirlanney foi de que as grandes empresas, para fecharem negócio com quadrinistas, cobram que os artistas tenham um público cada vez maior nas redes sociais. Isso, segundo ela, é opressor. Uma saída para ter o trabalho vendido, que não seja pelas redes sociais e engajamento com o público, são as feiras que abordam o tema. “Infelizmente, durante a pandemia, estes eventos não estão acontecendo. Com as feiras, nós vendíamos bem, havia muita procura pelo impresso e as vendas eram garantidas”, disse.
Quanto a atuação das mulheres no mercado editorial, Sirlanney disse que as mulheres estão roubando a cena nos quadrinhos. Mesmo citando a criação da personagem Luluzinha, em 1935, pela Marjorie Henderson Buell, segundo a ilustradora, as mulheres como criadoras, até as décadas de 80 e 90, só apareciam em raras exceções. “Aqui no Brasil, por exemplo, só nos últimos seis ou sete anos começamos a sair do armário. Vamos comemorar que estamos tomando esse espaço que sempre deveria ter sido nosso e que nos possibilitou ampliar as narrativas das HQs”, disse prevendo que o futuro das mulheres nos quadrinhos é cada vez mais forte, se for criado por elas. “Vai nos fortalecer cada vez mais e, de certa forma, contribuir para mais igualdade entre homens e mulheres, não só na literatura, mas em tudo na vida. A igualdade de gênero ainda é uma luta. A arte é consequência e ferramenta para ela”, concluiu a artista.
Lila Cruz é baiana, ilustradora e quadrinista. Faz quadrinhos desde 2010, tem dois livros publicados e trabalha no mercado editorial desde 2015. Atualmente, mora em São Paulo e tem sua própria loja virtual de produtos ilustrados. Sirlanney Nogueira nasceu no sertão do Ceará, publica textos e desenhos há mais de 15 anos. Artista plural, transita entre as artes plásticas e a literatura e ficou muito conhecida por sua personagem de quadrinhos “Magra de Ruim”. Rebeca Puig é roteirista de cinema, televisão e quadrinhos, atua na área há 9 anos. Criadora de um dos primeiros blogs feministas sobre cultura pop, o Collant Sem Decote. Autora publicada organizou mesas de discussão sobre diversidade e representação na CCXP durante 6 anos. Editora do site nebulla.co.
Quem quiser conferir, na íntegra, este bate-papo, ele está disponível no início do texto 👆🏻 e também em nosso canal do Youtube.
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