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‘Vivemos uma crise de palavras e de repertório’, aponta Ilan Brenman em conferência com Clóvis de Barros Filho

Escritor e filósofo participaram da 23ª FIL na  conferência ‘Filosofia ao pé do ouvido: uma conversa sobre felicidade, ética, amizade e liberdade’, nesta quinta-feira (8/8)

Clóvis de Barros Filho e Ilan Brenman (Foto: Nelcivan Francisco)

Ao longo da história, nos acostumamos a observar imagens de filósofos como figuras sérias e introspectivas, sem espaço para as amenidades mundanas. Mas será possível filosofar se divertindo? A conferência do escritor Ilan Brenman e do filósofo Clóvis de Barros Filho, nesta quinta-feira (8/08) à noite, no Theatro Pedro II, provou que sim. Com histórias de vida e reflexões bem-humoradas, a dupla levou ao palco os debates reunidos no livro “Filosofia ao pé do ouvido: Felicidade, ética, amizade e outros temas”, que surgiu a partir das conversas públicas que tiveram via virtual durante a pandemia.

Clóvis de Barros Filho e Ilan Brenman (Foto: Nelcivan Francisco)

“No Brasil, hoje em dia, todo mundo fala sobre qualquer assunto, e foi isso o que fizemos em nossos diálogos, abertos ao público, para tratar sobre ética, justiça, liberdade e amizade. Aliás, a gente já era amigo antes do livro, mas agora, a cada evento que participamos por causa do livro, a amizade cresce ainda mais. O Ilan, esse escritor consagrado, reconhecido internacionalmente. Eu, uma espécie de camelô de discursos filosóficos, sempre pronto para comentar qualquer tema”, disse Clóvis.

 

Ao comentar (e imitar) as conversas que ouve entre os jovens de hoje, Ilan relembrou de um aplicativo para celulares que tem como única função enviar a expressão YO para alguém. “É a realização da profecia de George Orwell em “1984”, o controle por meio da redução de repertório das pessoas. Hoje, vivemos uma crise de palavras, de linguagem, de repertório. Nós precisamos de mais metáforas, de mais criatividade, por isso, eu peço: ofereçam um banho de linguagem, um banho de narrativas às crianças. Abram livros, leiam livros, por favor!”, pediu o escritor.

Clóvis de Barros Filho e Ilan Brenman (Foto: Nelcivan Francisco)

Em outro momento, Clóvis de Barros Filho abordou a supervalorização que damos ao futuro, em detrimento da vida presente. “Nós nunca estamos prontos. O que vale é o que vai acontecer depois que eu me formar, depois que eu começar a trabalhar, depois que eu for nomeado CEO. Com isso, nos habituamos a desvalorizar a vida onde a vida está, que é hoje. Por isso sou contra as escolas que traduzem o desempenho dos alunos na frase ‘passar de ano’. Vamos aprender a viver o ano, a desfrutar o ano”, provocou o filósofo, que ainda lembrou da infância em Ribeirão Preto e referências como a rua Barão do Amazonas, onde nasceu - “em cima da Lanchonete Mau Mau”, e a Sorveteria do Geraldo. “O Clóvis me levou para conhecer hoje à tarde. O sorvete de Málaga do Geraldo, nossa...”, suspirou Ilan antes de partirem para a concorrida sessão de autógrafos na Feira Internacional do Livro.

 

Sustentabilidade

Oficina (Foto: Nelcivan Francisco)

Ainda na quinta-feira, no estande da Prefeitura, na entrada central da Praça XV de Novembro, crianças e adultos se divertiram e aprenderam em duas oficinas educativas realizadas pelo Instituto Estre, em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Na primeira, os participantes receberam orientações de como construir composteiras caseiras, com direito a levar para casa as caixinhas modelo, com terra e minhocas, para implementarem o manejo sustentável do lixo orgânico doméstico.

 

Em seguida, a oficina de placas sustentáveis uniu ludicidade e criatividade na produção de placas indicativas e sinalizadoras feitas com madeira, estêncil, canetas coloridas e sisal. Para arrematar, o público recebeu sacolas de tecido reutilizado para o transporte da produção. As duas atividades contaram também com parceria do Instituto Tecendo afetos, de Curitiba, que esteve pela primeira vez na FIL. “Muito gratificante a experiência na feira, levando ao público informações sobre a importância da reciclagem e de separar o lixo de forma adequada. Especialmente o contato com as crianças foi maravilhoso, plantando neles a semente da sustentabilidade”, disse Sueli Herman, fundadora e diretora da Tecendo Afetos, entidade que atende mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica em Curitiba.

 

Técnicas de escrita


No auditório Pedro Paulo da Silva, no Centro Cultural Palace, os adolescentes participaram de uma conversa sobre escrita, criação literária e artes visuais. A escritora Eda Carvalho alertou sobre o uso inadequado do gerundismo na fala e na escrita. “Ouçam mais, leiam mais, pois isso faz a diferença lá na frente”, disse, destacando a importância de se atentar à linguagem.  O também autor Edson Malta enfatizou a relevância da literatura brasileira na preparação para a redação em vestibulares, alertando sobre os riscos do uso excessivo de estrangeirismos. “É fundamental ler livros em nossa língua: a redação é a parte do ENEM – e a que mais pesa na nota final. Então, ter uma base sólida em literatura brasileira é essencial', comentou. O público também pôde apreciar a exposição dos trabalhos da fotógrafa Ana Martinez e dos robôs falantes criados pelo artista plástico Giovane Malta.


A FIl segue até o próximo domingo (11) com atividades para todas as idades. A programação completa está disponível no endereço eletrônico www.fundacaodolivroeleiturarp.com. O evento tem organização e realização do evento é da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.

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