Clube do Livro | Livro: A trégua, de Mario Benedetti
O escritor uruguaio Mario Benedetti foi um sujeito singular, capaz de caminhar entre os círculos intelectuais e as delicadezas do cotidiano. Nesse espaço, a sua literatura construía uma ponte fantástica entre o real e a ficção, buscando sempre o sublime, o tom poético. Os personagens do escritor são figuras comuns, quase gente de carne e osso, com quem poderíamos encontrar nas ruas do centro de Montevidéu.
Como parecia a sina muitos pensadores e artistas latino-americanos, Benedetti foi perseguido, deportado e viveu todos os seus dias sob a sombra da repressão. Mesmo após o que chamou de "desexílio" – quando retornou ao seu país em 1983 –, fez da sua produção ficcional, poética e ensaística uma forte arma de protesto. Nesse processo de ser uruguaio, de exercer a sua cidadania latina, Benedetti se tornou um sujeito do mundo. Através dos seus olhos era possível enxergar a esperança, ainda que diminuta, e a insegurança de quem já conhecia a vida como ela realmente era. E aí mora a grandeza da sua obra. A literatura de Mario Benedetti ainda é um manual de resistência e singeleza, e que é possível encontrar uma forma verdadeira de alívio. Seus contos, romances e poemas são a síntese da tentativa de entender a barbárie sem perder a ternura, tão necessária nos dias atuais.
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