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24ª FIL movimenta o primeiro sábado com debates, contações, saraus, música e dança

O dia (16/8) terminou com a plateia lotada na conferência de Djamila Ribeiro, seguida dos shows da Banda Cidda e de Diego Figueiredo, além do espetáculo da Cia Cisne Negro no Teatro Sesi – um encerramento que reuniu diferentes linguagens artísticas para celebrar a diversidade da 24ª FIL


Djamila Ribeiro (Foto: Sté Frateschi)
Djamila Ribeiro (Foto: Sté Frateschi)

O primeiro sábado da 24ª FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto foi marcado por uma programação cultural intensa, espalhada por diferentes espaços da cidade. Desde as primeiras horas da manhã, contações de histórias, oficinas, saraus, doação de mudas, lançamentos, debates, atividades interativas e exposições aproximaram públicos de todas as idades da leitura, da literatura e de experiências coletivas.


Educação, Cultura e Cidadania (Foto: Sté Frateschi)
Educação, Cultura e Cidadania (Foto: Sté Frateschi)

Logo cedo, os debates da manhã se voltaram ao eixo central da Feira – “Futuros Possíveis: Educação, Cultura e Cidadania” – com a participação do diretor acadêmico do Centro Universitário Senac, Eduardo Mazzaferro Ehlers, e o diretor regional do Sesc SP, Luiz Galina; mediados pela presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, Dulce Neves.


Para Ehlers, metodologias ativas deveriam ser prioridade nas escolas. “Isso incentiva o estudante a gostar de estudar e a ter espírito investigativo, além de estimular a capacidade de análise, trabalho em grupo e soluções criativas. Os projetos do Senac mostram isso de forma clara, porque despertam esse interesse”, afirmou. Já Galina citou Paulo Freire para reforçar a centralidade da cultura no processo educativo: A leitura do mundo precede a leitura da palavra. Antes do desenvolvimento educacional de qualquer pessoa, é preciso conhecer e interagir com o mundo em que se vive, E afirmou que isso orienta o trabalho no Sesc: “Oferecemos tudo para que a pessoa se desenvolva, mas ela precisa se entender como ser social, influenciado pelas tradições, pela história e pela cultura. A cultura é um modo de viver”, destacou.


Olhar internacional


Abou Kassoum (Foto: Vikka Faustini)
Abou Kassoum (Foto: Vikka Faustini)

Entre os destaques da manhã, a presença internacional do escritor marfinense Abou Kassoum trouxe um olhar ampliado no auditório da Biblioteca Sinhá Junqueira, na palestra Literatura e Interculturalidade: Construindo Pontes por meio da escrita”. Em sua fala, Kassoum destacou o papel da literatura como ponte cultural e de resistência: “Escrever, para mim, é uma forma de manter viva a memória do meu povo e, ao mesmo tempo, dialogar com outras culturas. A imigração, o deslocamento e a busca por identidade atravessam a minha obra porque também atravessam a vida de milhões de pessoas no mundo”. O autor que já passou por vários países e hoje vive na Colômbia, expressou que a literatura abre caminhos de compreensão entre realidades diferentes e, por isso, tem um papel fundamental na atualidade. “A palavra constrói e a palavra cura. Eu sou um africano que escreve para o mundo. E essa realmente é a ponte mais bonita que eu posso construir para conectar também essas culturas”, afirmou.


Vozes da resistência


No Salão de Ideias, às 11h, a escritora e ativista Mônica Benício lançou seu livro Marielle e Mônica: uma história de amor e luta e compartilhou uma fala marcada pela emoção e pela memória de Marielle Franco, assassinada em 2018. Na verdade, eu ainda não sei exatamente o que estou fazendo. Se alguém tivesse me dito, na manhã do dia 14 de março de 2018, o que aconteceria naquela noite, eu teria dito que não daria conta. Mas naquela noite, morre uma Marielle e nasce outra, e morre uma Mônica e nasce outra. A busca por respostas e por justiça foi o que me fez me reorganizar”, declarou.


Mônica Benício (Foto: Sté Frateschi)
Mônica Benício (Foto: Sté Frateschi)

A vereadora também contou como sua história de amor com Marielle foi determinante para a construção de sua identidade: “A nossa relação teve um papel fundamental na minha vida, em especial pela construção da identidade e da sexualidade, que por muitos anos eu não nomeava nem de uma coisa, nem de outra. Eu entendi que ser uma mulher que ama outras mulheres é também subverter uma lógica de mundo que nos quer em um não-lugar, o lugar do servir e do doar”, afirmou.


Mônica ressaltou ainda o papel da escrita e da memória como formas de resistência: “Contar nossa história, escrever nossas dores e afetos é também uma forma de lutar contra o apagamento. O livro nasceu da necessidade de manter viva essa trajetória de amor e luta, que é também coletiva”, disse, emocionando o público.


Palavra do autor homenageado local


Matheus Arcaro (Foto: Vikka Faustini)
Matheus Arcaro (Foto: Vikka Faustini)

O escritor Matheus Arcaro, homenageado local desta 24ª edição, abriu sua participação com uma reflexão sobre a filosofia da linguagem a partir de Nietzsche. Ele explicou que as primeiras palavras nasceram da necessidade de sobrevivência, como gritos de alerta, mas logo se transformaram em metáforas para representar o mundo. Nietzsche vai dizer: a raiz de toda palavra é uma raiz artística, uma raiz metafórica. Quando eu digo ‘microfone’, não são microfones que saem da minha boca; é apenas um objeto que corresponde a outro objeto do mundo. São metáforas. E a hora que chega ao seu ouvido, é uma segunda metáfora”, destacou.


A partir dessa reflexão, Arcaro percorreu a tradição filosófica de Sócrates, Platão e Aristóteles, ressaltando como cada um contribuiu para a tentativa de “congelar os significados” e estabelecer limites para o que pode ou não ser dito. Com humor, aproximou conceitos clássicos do cotidiano, trazendo exemplos da cultura popular e do esporte. Também destacou como o século XX foi decisivo para a virada dos paradigmas, além de abrir espaço para reflexões sobre fake news, verdade e manipulação da linguagem: “A filosofia nos mostra que não há neutralidade no discurso. Toda palavra é também um posicionamento”, disse, em interação com o público.


A literatura infantil no centro


À tarde, a jovem escritora Chiara Belle Accorsini de Carvalho participou de um bate-papo na Biblioteca Sinhá Junqueira, onde compartilhou sua experiência como autora infantil. Aos 12 anos, ela já acumula uma rotina intensa entre estudos e escrita: Eu tentava escrever um capítulo por semana. Nem sempre conseguia, mas fui aprendendo a conciliar. Agora, mesmo com mais compromissos, já sei como organizar minha rotina. Escrever virou um caminho sem volta, é viciante”, contou.


Encerramento em grande estilo


Ao longo do dia, autores, mediadores e o público circularam por espaços como a Praça XV de Novembro, Theatro Pedro II, Biblioteca Sinhá Junqueira e escolas parceiras, em uma agenda que combinou debates intelectuais, fruição artística e ações de formação de leitores.


No fim da tarde e início da noite, a programação seguiu vibrante com o lançamento do livro “Oceano em uma Gota”, de Costi Sarantopoulos, o bate-papo sobre ópera da Cia. Minaz, a apresentação musical da Banda Cidda no Coreto da Praça XV e o espetáculo de dança “Que Tal o Impossível”, da Cia Cisne Negro, no Teatro Sesi.


O grande momento do sábado foi a conferência de Djamila Ribeiro, referência no feminismo negro e no debate sobre desigualdades sociais, que lotou o Theatro Pedro II. Na ocasião, ela recebeu da Câmara Municipal o título de cidadã ribeirão-pretana e uma homenagem surpresa que celebra seu trabalho como referência de resistência e luta. O encerramento no espaço Ambient de Leitura – na Esplanada do Theatro Pedro II ficou por conta do show de Diego Figueiredo, violonista de renome internacional, que levou ao público uma apresentação marcada pela técnica refinada e pela emoção – coroando um dia que uniu literatura, música e dança.


Agenda continua até o dia 24 de agosto


As atividades da 24ª FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto tiveram início neste sábado (16/8). Trata-se de intensa programação cultural e literária, reunindo autores da cena nacional e internacional, além de oficinas, lançamentos, contações de histórias e apresentações musicais. Desde as primeiras horas da manhã, a Praça XV de Novembro, o Theatro Pedro II, a Biblioteca Sinhá Junqueira e outros espaços parceiros recebem um fluxo de atividades para públicos de todas as idades.


A programação completa da FIL 2025 está disponível no site oficial da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto: www.fundacaodolivroeleiturarp.com 


A realização da FIL conta com a parceria da Prefeitura Municipal por meio das Secretarias de Governo, Casa Civil, Educação, Cultura e Turismo, Infraestrutura, Meio Ambiente, Esportes, Fiscalização Geral e Saerp; do Ministério da Cultura do Governo Federal, da Secretaria Estadual da Cultural, Economia e Indústria Criativa, Sesc e Senac.

 
 
 

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