“A disruptura talvez seja a nossa maior demanda”
“Ser disruptivo é uma tarefa bem complicada. É um desafio muito grande”. Essa foi uma das reflexões da jornalista e educomunicadora, Adriana Silva, durante sua abordagem sobre a palavra disruptura – uma das 20 que estimularam a reflexão de escritores, pensadores e educadores durante a semana de 14 a 18 de setembro, direto do palco do Theatro Pedro II - com transmissão pela plataforma da Fundação do Livro e Leitura
A palavra tem sido seu lugar de pesquisa há muitos anos e na última década, Adriana Silva, curadora do evento 20 Horas de Literatura e presidente interina da Fundação do Livro e Leitura, se encantou pelo termo disruptura. Na noite do dia 17 de setembro, a educomunicadora começou sua fala traduzindo seu envolvimento com as palavras: “Gosto das palavras, da sonoridade delas, do jeito que elas são gravadas”. Com disruptura não foi diferente. A expressão ganhou o seu olhar de pesquisadora para entender o reflexo desta palavra no mundo atual.
Questionada pela mediadora Laura Abbad, pedagoga e mestre em Educação, por qual motivo disruptura entrou para a lista das 20 palavras do evento para representar as duas últimas décadas, que coincidem com a trajetória da FIL (Feira Internacional do Livro), Adriana Silva explicou que as palavras têm um sentido rico, com dimensão tão grande que dão conta de muitas mensagens. No caso do vocábulo disruptura, a palavra, de origem americana, é transitória e oscila de um significado para o outro, indicando o que interrompe, termina.
“No campo da tecnologia, as disrupturas não são autônomas. São transitivas e precisam de outras palavras, de complementos para dar o tom que você quer dar pra ela”, explicou. O termo, segundo a palestrante, também se encaixa na sociologia.
Adriana Silva relata no artigo que escreveu para o e-book “20 palavras – leituras sobre o agora”, obra produzida com apoio das Edições SESC, que sua relação com o termo disruptura ganhou força quando se deparou com a leitura do livro “Originais”, de Adam Grant. Já no subtítulo, ela percebeu o indicativo: “como os não-conformistas mudam o mundo”. A contracapa também chamou sua atenção pelo anúncio de que o autor era consultor de empresas como Apple, Google e Facebook e estudava a força das ideias disruptivas.
Pouco depois, sua relação com essa palavra se estreitou em um dos grupos de pesquisa que faz parte e trabalha com a Teoria U. “Essa teoria é um conjunto de propósitos e sentidos que ajudam a pensar um pouco o mundo”, comentou. A Teoria U aponta como liderar pela percepção e realização do futuro emergente. É uma obra de Otto Scharmer, professor sênior da Sloan School of Management, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e co-fundador do Presencing Institute.
Segundo Adriana, diante do uso da Teoria U, o sujeito se faz algumas perguntas, como: “O que é preciso deixar pra trás para que uma nova coisa possa tomar lugar de uma coisa velha? O que nos impede de inovar? Fazer o percurso do U é o que a gente tem que deixar pra trás? Quando a gente não se livra de uma coisa velha, não deixa uma coisa nova entrar?”
Colocar o ser humano em primeiro lugar é uma ideia disruptiva?
A mediadora Laura Abbad trouxe à tona essa questão e Adriana respondeu que parece que não, mas definitivamente é. “Não seria óbvio colocar o ser humano em primeiro lugar? Mas como sobrepor às institucionalidades. As instituições são mais soberanas do que a própria humanidade. E isso é romper com que a gente tinha antes. Temos muitos exemplos de que não colocamos o ser humano em primeiro lugar, como por exemplo, a disputa entre EUA e África para entrega de medicamento da AIDS, um acordo econômico que não visou primeiro o ser humano”. Para a educomunicadora, a proposta disruptiva é justamente no sentido de reverter o que está aí - desde que que cada um faça o exercício cotidiano.
Adriana enfatizou ainda que colocar o ser humano em primeiro plano é uma ideia disruptiva e tão difícil quanto ser disruptivo. “ A gente não faz isso nem com a gente mesmo: quantas vezes não nos colocamos em primeiro lugar?
Adriana contou que chegou à conclusão, após leitura da pesquisa do chileno Humberto Maturana, que tudo é cultura e que toda cultura é uma rede de conversação que consolida o modo de viver das pessoas, seus hábitos e identidade, ou seja, “é quase que uma equação: os problemas são culturais e para resolver uma rede de conversação que quero me livrar, preciso criar uma outra”, analisou.
Mas segundo a análise de Maturana, só a emoção muda. “E o que é que emociona? O amor”, respondeu Adriana. A educomunicadora comentou que nosso estágio de emoção é temporário, porque não é educativo. “Se fosse educativo nos transformaria, mas como é uma rede de conversação temporária, essa disruptura que a gente tem que fazer com nossas velhas redes de conversação são absolutamente necessárias para rever um novo modelo de sociedade”.
Adriana comentou ainda que a pandemia não deu conta de trazer à humanidade uma disruptura de fato, mesmo com todas as tragédias vivenciadas neste ano. Na ótica dela, apesar dos impactos, a pandemia não foi suficiente para fazer a humanidade se transformar. “Achei que íamos mudar, mas veio maio, junho e julho e a gente monetizou a discussão. Perdemos uma chance fenomenal de disruptura. O aprendizado não foi suficiente para fazermos essa reversão tão importante”, afirmou.
Sobre uma possível disruptura pedagógica, ela foi prática ao responder: “precisamos de uma educação integral e não em tempo integral”, concluiu.
O evento foi uma ação comemorativa aos 20 anos da FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto). A programação permanece nos canais da Fundação para acesso livre e gratuito.
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