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A PALAVRA É: PROTAGONISMO

‘Uma sociedade plural nasce do exercício da escuta’


Para o escritor Marcelino Freire, sempre é preciso recuar, ficar quieto e ouvir o que os movimentos sociais falam para, assim, não repetirmos erros históricos


Na abertura da segunda noite do evento “20 Horas de Literatura”, nesta terça-feira (15/9), o escritor pernambucano Marcelino Freire foi o convidado para falar sobre a palavra Protagonismo, com mediação do artista e produtor cultural Flávio Racy. O escritor começou fazendo uma leitura de seu texto, que integra o e-book “20 Palavras: Leituras sobre o Agora”, e que traz os significados dos dicionários para um encadeamento de palavras, começando, claro, com a palavra tema de sua fala: “Protagonismo (substantivo masculino): Qualidade da pessoa que se destaca em qualquer situação, acontecimento, exercendo o papel mais importante dentre os demais...”


“Quando fui convidado para escrever sobre este tema, lembrei que entre os 9 e os 19 anos, fui um ator de teatro, e é no teatro o lugar onde mais se expressa a força de um trabalho conjunto e coletivo. Por isso, não quis ser o protagonista do meu texto, este protagonismo coube ao dicionário”, justificou Marcelino.


Para o escritor pernambucano, uma sociedade ideal seria aquela em que não existissem papéis mais ou menos importantes, ou seja, onde o protagonismo não fosse relevante, com todos e todas formando uma sociedade verdadeiramente coletiva. “O protagonismo gera coadjuvantes. A eles cabe esta construção social de forma coletiva. E isso se dá por meio de movimentos culturais e sociais. Quando um movimento nos lembra que é preciso lermos mulheres, isso incomoda os escritores homens. O mesmo se aplica aos escritores negros, às pequenas editoras. Existe todo um movimento à margem do mecanismo literário, dominado pelo homem branco e heterossexual, que exclui, por exemplo, autoras como Geni Guimarães, Ruth Guimarães, Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus, celebradas há tempos em saraus e slams da periferia, e que mereciam um amplo conhecimento”, disse Marcelino.


Uma maneira de dar voz a esta movimentação, que existe e é consistente, segundo o autor, é reconhecer que é preciso recuar e exercer a escuta, se abrir para o novo. “É preciso ficar quieto e ouvir, aprender para não repetir erros históricos. Faça um exercício: olhe para a sua estante de livros. Há autores negros? Mulheres? Pequenas editoras? Quem escolhe os livros que você lê? As grandes editoras e os cadernos culturais dos jornais? Descubra você mesmo, movimente-se, ajude a dar voz a estas pessoas e a construir uma sociedade mais plural”, aconselhou o escritor.


A ação “20 Horas de Literatura” é promovida até sexta-feira (18/9) pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, em parceria com o Sesc SP e a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. As palestras 100% on-line de 20 autores convidados para falar sobre 20 palavras relevantes para o Brasil e o mundo nas últimas duas décadas têm transmissão ao vivo pela plataforma de conteúdo da Fundação (www.fundacaodolivroeleiturarp.com) e por suas redes sociais, como Facebook e YouTube.

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