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Ausências, presenças e conexões literárias durante bate-papo com Marcelino Freire

A partir de poema de Drummond, o rapper Vinícius Preto, o MC João D. Deus e o escritor Marcelino Freire debateram os reflexos e os impactos da literatura no cotidiano

O poema “Ausência”, de Carlos Drummond de Andrade, foi a referência para a segunda roda de conversa do Revolução Poética na Fábrica Literária na noite de domingo (01/5). O rapper Vinícius Preto, o MC João D. Deus e o escritor Marcelino Freire abordaram a temática retratada num dos mais conhecidos poemas de Drummond, com música, literatura e as conexões entre essas linguagens.


No terceiro dia do evento, Vinícius Preto e João D. Deus, amigos e parceiros musicais, escolheram sair do lugar comum de falar da ausência de quem se foi, para tratar da ausência de quem não pode estar. “Nossa perspectiva é a de quem vem da leitura e de quem está à margem, de quem não pertence. E falar de literatura nesse contexto é romper com a academia, porque é escrever fora das linhas”, ressaltou o MC João D. Deus, que tem uma história de mais de dez anos de trabalho com o hip hop e a música autoral independente por meio da Casa do Hip Hop Ribeirão Preto. Vinicius Preto, que é de Itaquera, São Paulo, é historiador e fundador do Zamba Rap Clube, com quem gravou dois discos e seis clipes, além de EP solo.


Depois do som provocador da dupla de rapper e MC, o escritor pernambucano Marcelino Freire seguiu a conversa em torno da temática da ausência falando de suas próprias ausências pessoais, da forte referência e inspiração da mãe em sua escrita, das presenças que a ausência traz, da solidão no processo da escrita e do socorro das palavras. “Escrevendo eu compreendo o mundo à minha volta, mas é um momento onde estou muito sozinho. E as palavras me fazem uma espécie de abraço coletivo para me ajudar nesse processo”, disse o autor que é um dos principais nomes da literatura contemporânea brasileira, ganhador de um Prêmio Jabuti com o livro “Contos Negreiros”, em 2006.



Para o escritor, a revolução está na poesia e a literatura é patrimônio humano. “Minha poesia é carregada das sonoridades do sertão nordestino, do repente, do falar cantado. E escrevo para dar vexame lírico. Tem o antes, o durante e o depois do poema”, sublinhou o poeta, que gosta de chamar de confluências - e não influências - as conexões literárias que as diferentes linguagens artísticas encontram pelo caminho. “É um contínuo desembocar de um no outro e a gente vai formando nosso repertório com nossos parceiros e parcerias. Uma poesia que desemboca numa música. Uma música que desemboca num filme e por aí vai”, pontuou.


Movimentaram a roda de conversa com Marcelino Freire, a professora Heloísa Martins Alves, uma das criadoras do Combinando Palavras, projeto educativo que é destaque na FIL - Feira Internacional do Livro; o MC João D. Deus e o arquiteto e urbanista Cordeiro de Sá, que também é jornalista, gestor social e quadrinista. Vivendo em São Paulo há 30 anos, Marcelino Freire é curador do evento Balada Literária, que reúne artistas de diferentes expressões, e também ganhador do prêmio Machado de Assis com o romance “Nossos Ossos”.


Promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto e Instituto SEB - A Fábrica, o festival de ideias Revolução Poética na Fábrica Literária foi realizado neste ano em formato híbrido, com plateia presencial no auditório do espaço A Fábrica e transmissão online pelo canal da Fundação no YouTube.

O encontro completo com Marcelino Freire pode ser conferido neste link no canal do YouTube.

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