O 10º encontro do Clube do Livro deste ano, discutiu no dia 30/10 o livro “O Olho Mais Azul”, Toni Morrison. A obra chama a atenção para dois temas importantes da atualidade: o racismo e a padronização da beleza feminina. Narrado sob o ponto de vista de uma menina negra, Pecola Breedlove, o livro é considerado um dos mais impactantes escritos por Toni Morrison.
“É um livro bastante pesado e triste, que desperta, ao mesmo tempo, uma simpatia profunda pela personagem principal, Pecola, e revolta pela opressão que ela (e quase todos os personagens) sofrem”, diz Gabriela Pedrão, mediadora do encontro e curadora do grupo.
Sobre essa correlação dos temas do encontro, Gabriela disse que todas as mulheres sofrem com padrões arbitrários de beleza. “Contudo, quando esses padrões interagem com o racismo, os efeitos negativos são muito mais nefastos”, argumenta. A bibliotecária destaca, ainda, que o romance trata dos desdobramentos dessa interação em todos os aspectos das vidas das mulheres negras presentes no enredo.
Para Gabriela, o que fica de “O Olho Mais Azul” é uma mensagem importante para o leitor: “o nosso modo de vida está tão impregnado de racismo e desses padrões opressivos de beleza que até as coisas mais banais do dia a dia são contaminadas por eles, afetando as relações sociais e nossa autopercepção das mais diversas maneiras”.
A mediadora do grupo conclui que o pior é que “muitas vezes as pessoas não têm consciência do quanto são afetadas e até mesmo reproduzem essas formas de opressão - mas é exatamente isso o que o romance de Morrison vem nos mostrar”.
Sinopse do livro
Trata-se do primeiro romance de Toni Morrison e conta a história de Pecola Breedlove, uma menina negra que sonha com uma beleza diferente da sua. Negligenciada pelos adultos e maltratada por outras crianças por conta da pele muito escura e do cabelo crespo, ela deseja mais do que tudo ter olhos azuis como os das mulheres brancas ― e sonha com a paz que isso lhe traria. Mas, quando a vida de Pecola começa a desmoronar, ela precisa aprender a encarar seu corpo de outra forma. Uma poderosa reflexão sobre raça, classe social e gênero, “O olho mais azul” é um livro atemporal e necessário.
Para assistir ao encontro na íntegra, basta acessar o vídeo acima.