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“Eu não escrevo para incendiar casas, mas para acender faíscas aos olhos de quem me lê”, recitou Mel

“Amplitude” foi o tema da roda de conversa com a escritora, poeta, slammer e produtora cultural brasileira, Mel Duarte



O Revolução Poética na Fábrica Literária, em seu penúltimo dia (3/5), trouxe também a intervenção cênica de Palmira Osunwende, que apresentou uma livre interpretação do poema “Na Vastidão”, de Cora Coralina. Na sequência, foi a vez de Mel Duarte estabelecer trocas de ideias com as debatedoras da roda. Seu encontro com a poesia ainda na infância, a influência do pai grafiteiro e questionador social sobre sua construção como cidadã e mulher, o desejo de acolher as pessoas com sua escrita, as experimentações poéticas em saraus, o slam como plataforma para sua poesia e as várias personas femininas que a habitam foram alguns dos vários pontos tocados no bate-papo.


Mel Duarte, que é escritora, poeta, slammer e produtora cultural brasileira, também falou sobre ancestralidade e a importância de todo mundo conhecer e entender sua própria história para poder definir o que se quer construir a partir da produção de “novos agoras”. “É impossível a gente passar desapercebido por tudo o que está acontecendo se a gente não tiver um pouco de conhecimento, capacidade de ouvir e de aprender com o próximo, e entender que precisamos muito da nossa linguagem e do respeito às novas diferenças”, destacou Mel Duarte, primeira poeta negra brasileira a lançar um disco de poesia falada (“Mormaço - Entre outras formas de calor”).


Sobre a poesia de Cora Coralina, a escritora destacou a presença de muitas mulheres – e diversas – no cenário cultural brasileiro. “Acredito que amplitude é uma palavra que contempla muito a história de Cora Coralina. Mas, infelizmente, ainda precisamos, muitas vezes, passar por crivos e por pessoas, principalmente do sexo oposto, para que nosso trabalho seja considerado e que chegue até certos espaços. Acredito que hoje temos uma rede de mulheres, trabalhando e se conectando muito mais do que antes”, disse.


Desde setembro de 2021, Mel Duarte escreve uma série de textos curtos para a plataforma Amazon, chamados de ‘Leitura Rápidas’. Sobre sua poesia e a amplitude de ser uma mulher negra escritora, ela destacou que muitas mulheres habitam em seus pensamentos e que, normalmente elas falam ao mesmo tempo – e que, por um tempo, foi difícil organizá-las. Mas, a poesia a ajudou neste processo. “Aprendi que se não soubesse me comunicar com o mundo eu não me faria entender. E eu queria me fazer entender e ser respeitada. A poesia me ajudou a encontrar esse caminho”, explicou.


A agenda do Revolução Poética na Fábrica Literária trouxe oficinas, conversas literárias, debates e atividades artísticas. O evento celebrou o Dia da Literatura Brasileira, comemorado em 1º de Maio, com a proposta de revolucionar a poesia na contemporaneidade, reunindo artistas da atualidade a partir de seis poetas significativos da história da literatura brasileira: Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Manoel de Barros e Paulo Leminski. Foram cinco dias de atividade intensa e gratuita, com a participação de 14 autores e programações artísticas variadas.


O bate-papo completo com Mel Duarte pode ser conferido no link.


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