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“Minha lágrima é um gatilho para a escrita”, desabafou Stefano Volp

Escritor, roteirista, tradutor e produtor editorial, Volp falou sobre suas obras, sentimentos e experiências profissionais durante encontro mediado por Adonai Ishimoto e participação do público online e presencial no auditório do espaço A Fábrica



Leveza na escrita, vivências, experiências e resistência. Esses foram os temas do bate-papo com Stefano Volp, no terceiro dia (01/05) do Revolução Poética na Fábrica Literária. Escritor de quatro livros de ficção (O Beijo do Rio, Homens Pretos (Não) Choram, O Segredo das Larvas e outros), Stefano Volp também atua com projetos audiovisuais, além de ser roteirista, tradutor, produtor editorial e fundador da editora Escureceu, que publica clássicos de autores negros inéditos. O encontrou foi conduzido pelo bibliotecário Adonai Ishimoto, a partir das 15h e aconteceu de forma híbrida.


Trabalhando atualmente na plataforma Netflix, Stefano Volp detalhou, com bastante humor, alguns processos de sua escrita e rotina de trabalho. Formado em jornalismo, o escritor de 30 anos já atuou como repórter nas editorias de petróleo e gás, em agência de publicidade e hoje se dedica 100% à escrita profissional. “Viver de arte no Brasil é muito difícil. Preocupa qualquer família. Mas acreditei e trabalhei muito”. Uma de suas novas propostas profissionais é o Caixa Preta, iniciativa da Editora Escureceu que resgata e promove contos clássicos de ficção escritas por autores negros, com início em 2020.



Masculinidade e sensibilidade

Pontos potentes, complexos e com fantasia são destaques nas obras de Volp, além de abordagens visuais e narrativas estratégicas. “Tento trabalhar isso em mim: a tentativa da escrita ser visual, junto com uma ideia de profundidade nos meus personagens”, disse o escritor que não se intitula como um especialista das masculinidades negras. “Não construo uma narrativa linear, subjetiva ou multi explicativa, porque realmente nunca foi minha pretensão. Pretendo trabalhar com a masculinidade negra nos meus livros, mas sempre vou optar por contar histórias de ficção”.


Choro de resistência

Ao falar da sua vida pessoal, Volp relembrou que já teve muita vergonha de mostrar o choro e os sentimentos. “Já vivi situações em casa, de violência: meu pai era um homem bastante violento. E isso me fazia muito mal. Chorava muito”. E destacou que aquele choro, não podia ser de sofrimento – queria que fosse um choro de mudança. “Sou uma pessoa sonhadora. O sonho, para mim, sempre foi uma forma de fugir da realidade e proporcionar uma nova realidade para minha mãe, principalmente. Meu choro era resistência.”


A agenda do Revolução Poética na Fábrica Literária contou com oficinas, conversas literárias, debates e atividades artísticas. O evento celebrou o Dia da Literatura Brasileira, comemorado em 1º de maio, com a proposta de revolucionar a poesia na contemporaneidade, reunindo artistas da atualidade a partir de seis poetas significativos da história da literatura brasileira: Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Manoel de Barros e Paulo Leminski. Foram cinco dias de atividades intensa e gratuita, com a participação de 14 autores e programações artísticas variadas.


O bate-papo completo com Stefano Volp pode ser conferido no canal do Youtube da Fundação.

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