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Para Assucena, “a contradição é o único caminho para a autocompreensão”

Cantora e compositora abordou o processo de aceitação da família e amigos, além do tema do debate, a “Contradição”

A terça-feira (3/5) marcou o último dia do Revolução Poética na Fábrica Literária. Para encerrar o circuito de atividades, a cantora, compositora, intérprete e atriz, Assucena, participou do debate “Contradição”, logo após a performance do Brilhe Circo Drag, que apresentou o show “Na Contramão”. A convidada da noite já conquistou duas vezes o Prêmio da Música Brasileira e foi indicada também duas vezes ao Grammy Latino, com sua primeira banda - As Bahias.

Com o poema de Paulo Leminski, “Incenso fosse música - no trecho “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além” - Assucena relembrou de quando saiu de Vitória da Conquista, na Bahia, como uma fuga para o anonimato que uma cidade imensa como São Paulo, oferecia. “Cheguei em São Paulo em uma exposição de Fernando Pessoa, no museu da Língua Portuguesa. Tomei coragem de me atravessar e me encontrar comigo mesma”, lembrou a atriz, revelando que contou com o apoio da irmã.

Mas, antes de externar o processo de transformação que estava passando, houve primeiro um momento de transição interna. “É quando você se redescobre e se aceita. Só depois acontece a externalização”, recordando que neste período ainda houve o impacto com a família e amigos. “Essa transição não é completa se o mundo não transacionar. Então vivemos nesse processo eterno”.

Contradição foi o tema do debate e Assucena destacou a contradição como o único caminho da autocompreensão da sociedade. “Uma das grandes questões da filosofia é a contradição, o jogo entre o sujeito e o objeto. Esse debate será eterno. No tempo do capitalismo, prefiro me reencontrar com Karl Marx para tentar entender esse olhar de forma mais concreta”, mostrou.

O papel da autoestima no processo de aprendizado - e o quanto ele é transformador, assim como a cultura e arte, sendo um facilitador neste processo – também foi assunto no palco das discussões. "Não existe educação sem cultura. Uma das coisas que mais marcou é que eu pude entrar na casa de várias pessoas com minha música, que jamais eu poderia estar. Eu pude acessar ouvidos, olhos e sensações de pessoas extremamente preconceituosas que jamais assistiriam uma travesti como um corpo possível. A arte tem esse papel de romper muros e portões”, desabafou.

A agenda do Revolução Poética na Fábrica Literária trouxe oficinas, conversas literárias, debates e atividades artísticas. O evento celebrou o Dia da Literatura Brasileira, comemorado em 1º de maio, com a proposta de revolucionar a poesia na contemporaneidade, reunindo artistas da atualidade a partir de seis poetas significativos da história da literatura brasileira: Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Manoel de Barros e Paulo Leminski. Foram cinco dias de atividade intensa e gratuita, com a participação de 14 autores e programações artísticas variadas.

A roda de conversa com Assucena pode ser acompanhada na íntegra neste link.

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