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Show de Chico César encerra a 24ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto

Último dia da FIL reuniu literatura e música, com show e encontros que celebraram a imaginação, a poesia e o poder transformador da leitura


Show de Chico César na 24ª FIL (Foto: Sté Frateschi)
Show de Chico César na 24ª FIL (Foto: Sté Frateschi)

Foram dez dias em que a literatura tomou conta da cidade: mais de 500 atividades movimentaram um público estimado em 274 mil pessoas. E para encerrar a 24ª FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, a palavra se fez música na voz de Chico César.O  cantor e compositor paraibano subiu ao palco principal do Theatro Pedro II no domingo (24/08) para celebrar os 30 anos de seu primeiro álbum, Aos Vivos. Em formato intimista, com voz e violão, revisitou canções já clássicas de seu repertório, como Mama África, À Primeira Vista e Beradêro.


Um show marcado pela forte influência da cultura nordestina, encerrou o último dia da FIL, que desde cedo movimentou o centro de Ribeirão Preto com bate-papos, salões de ideias, lançamentos literários e atividades para todas as idades.


Show de Chico César na 24ª FIL (Foto: Sté Frateschi)
Show de Chico César na 24ª FIL (Foto: Sté Frateschi)

O poder da imaginação


Salão de Ideias com André Luis Oliveira (Foto: Barbara Santos)
Salão de Ideias com André Luis Oliveira (Foto: Barbara Santos)

Logo pela manhã, o escritor homenageado André Luís Oliveira participou da Sessão Homenageado, no Theatro Pedro II. Mediado pela atriz e contadora de histórias Gracyela Gitirana, o encontro percorreu memórias da infância, a influência familiar em sua formação leitora — especialmente pelo incentivo dos pais — e as experiências que inspiraram sua trajetória literária.


André Oliveira recordou a noite em que descobriu o poder da imaginação. “Na época do Natal, as crianças não passavam da meia-noite. Dormia mais cedo e os brinquedos ficavam embaixo da cama. Quando acordei, estiquei o braço e encontrei os presentes, mas a janela estava aberta. Eu pensei que Papai Noel tinha acabado de passar por ali. Até hoje, minha imaginação funciona como essa janela que minha mãe deixou aberta”, contou. A recordação virou metáfora de seu processo criativo. “Sempre que me deparo com o dilema da folha em branco, lembro dessa abertura: é esse espaço que me convida a imaginar e escrever”, disse.


O autor também refletiu sobre a relação entre literatura e infância. “Quando uma criança percebe que não está sozinha, que outros também vivem dores ou descobertas semelhantes, a leitura se torna abrigo. Esse é o papel da literatura: abrir janelas”, afirmou. Ao final da conversa, destacou que a poesia não está apenas em quem escreve, mas também em quem sente. “Paulo Leminski dizia que quem lê e se emociona com os poetas também é poeta. Existem poetas que escrevem e poetas de sentir. Eu prefiro ser poeta de sentir, porque é esse olhar atento que renova a rotina e captura o novo no caminho de todos os dias”, concluiu.


Poesia como uma reação ao mundo


A poesia seguiu como destaque na programação do último dia da FIL com uma mesa especial de autores da casa, realizada no auditório da Biblioteca Sinhá Junqueira. Mediados por Davi Ferreira, os poetas Daniel Francoy, Mara Senna, Talita Franceschini e Thais Faria, conversaram sobre processos criativos e os temas que permeiam suas obras.


“A poesia é um álibi, uma justificativa para o poeta refletir o mundo em que vive. Os versos são uma reação do poeta ao mundo”, refletiu Daniel Francoy, vencedor do Prêmio Jabuti de 2017 pela coletânea de poemas “Identidade”. Para Mara Senna, a poesia está em todas as coisas. “Cabe ao poeta encontrar as palavras para descrever o mundo”, concluiu.


Lançamentos de livros


O público que compareceu ao último dia da edição 2025 da Feira Internacional do Livro teve a oportunidade de conhecer novas obras literárias. Na Biblioteca Sinhá Junqueira, o advogado criminalista e procurador de justiça aposentado Roberto Tardelli fez o lançamento do livro Ainda não mudou. Direito e (in)justiça no Brasil, em que trata de uma das maiores preocupações da população brasileira, de acordo com as pesquisas de opinião, que é a segurança pública, em especial a questão da violência praticada em operações policiais.


“Muitas vezes, a polícia é violenta pela sensação de impunidade, por isso precisamos ter uma cobrança social, para que todas as ações sofram as suas consequências”, defendeu o autor.


Na Tenda Sesc Senac, um bate-papo com o público marcou o lançamento do livro “ABPcD: Letras, infâncias e vidas de pessoas com deficiência”, das autoras Ana Clara Moniz e Lígia Azevedo, com ilustrações de Bruna Assis Brasil. O livro apresenta a biografia de 26 pessoas com deficiência, de diferentes gêneros, nacionalidades e áreas de atuação. “Nossa intenção, com esse livro, foi mostrar o universo da deficiência, um tema pouco ou nada explorado na literatura nacional, mesmo em obras ficcionais”, disse Ana Clara.


Feminismo como inclusão


Milly Lacombe na 24ª FIL (Foto: Alessandra Rotolo)
Milly Lacombe na 24ª FIL (Foto: Alessandra Rotolo)

“Os desafios de ser feminista no Brasil” foi o tema do bate-papo entre a psicóloga Maria Emília Carmineti e a jornalista e escritora Milly Lacombe, autora de livros como O ano em que morri em Nova York e Feminismo para não feministas. “É preciso entender que o feminismo não é uma luta da mulher contra o homem, muito menos um manual de conduta, sobre raspar ou não as axilas. Estes são conceitos difundidos por aqueles que querem reduzir este debate”, comentou Milly. “O feminismo que eu acredito é aquele que luta pela igualdade, vista como possibilitar a cada um ser o que quer ser. É emancipação e inclusão de todas as pessoas”, defendeu a escritora.


Resistência e afeto


O último Salão de Ideias da 24ª FIL reuniu o artista Ikaro Kadoshi e Fábio de Jesus, presidente da ONG Arco Íris RP e ex-conselheiro estadual de políticas públicas LGBT de São Paulo. Mediado por Tim Fabril, o encontro trouxe relatos pessoais e destacou o papel da literatura como ferramenta de reconhecimento e libertação.


Ikaro Kadoshi (Foto: Barbara Santos)
Ikaro Kadoshi (Foto: Barbara Santos)

Fábio de Jesus compartilhou sua trajetória marcada por enfrentamentos desde a juventude. “Eu tive uma invasão escolar aos 15 anos e precisei abandonar os estudos para não sair de lá em um caixão. A partir desse momento, comecei a lutar por direitos iguais e pela nossa existência”, afirmou. Fábio ressaltou ainda a importância do cuidado com a saúde mental. “A terapia salva vidas. Ela me mostrou que a dor precisa ser cicatrizada de forma que eu não transfira a violência que sofri para outras pessoas.”


O jornalista Ikaro Kadoshi - que transita entre o palco, o corpo e a comunicação com fluidez -, lembrou que a falta de afeto impacta a vida de pessoas LGBTQIA+. “Quando abrimos a porta de casa, nos é negado o afeto. Eu não sei o que é andar de mãos dadas na rua, mesmo aos 45 anos. Essa experiência, que parece comum para muitos, nunca foi minha realidade”, disse. Para ele, a sociedade retira parte da humanidade de quem é diferente. “Quando eu ajo como o animal que a sociedade me criou, ainda me apontam como culpado. Eu cansei de carregar culpas que não são minhas.”


O encontro reforçou a ideia de que falar, escrever e compartilhar histórias é uma forma de resistência. “A literatura pode ser esse espaço de cicatrização e liberdade, onde cada voz encontra lugar para existir”, concluiu o mediador.

 
 
 
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