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Velhas e novas utopias foi tema central do primeiro dia do Revolução Poética



Evento online contou com a participação de convidados como o ecólogo Philip Fearnside, do jornalista Zuenir Ventura e de alunos do projeto Alma (Academia Livre de Artes e Música de Ribeirão Preto) que apresentaram o espetáculo “Conglomerados Utópicos, Distópicas Paisagens”


A preservação da floresta Amazônica é um sonho? Chegaremos ao dia em que nosso maior bem ambiental estará à salvo da ganância destruidora, observada diariamente por olhares perplexos, seja no Brasil ou na comunidade internacional? Essas foram algumas das perguntas que o ecólogo Philip Fearnside respondeu no primeiro dia (25 de abril), abertura do projeto “Revolução Poética – Festival de Ideias”, promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.


Abrindo a noite, foi exibido um filme do documentarista Leo Otero. Em “Pioneira Luta”, ele explora o tema de uma das utopias mais antigas da humanidade: a disputa pelo direito à terra, que remonta há milênios e gera guerras até hoje. “Neste vídeo-documentário trouxe um debate para os tempos atuais, com a saga dos povos indígenas que, há 521 anos sofrem um massacre na disputa por território e continuam resistindo e existindo. Mais que uma disputa pela terra, uma disputa física, cultural, espiritual e econômica e que vem em uma escalada muito violenta”, alertou Otero.


“É preciso entender que a floresta fornece diferentes serviços essenciais a toda a população brasileira, como a água de outras partes do País, e que são recursos ameaçados em um futuro próximo”, disse o ecólogo norte-americano de 73 anos, 40 deles vivendo no Brasil, onde desenvolveu a maior parte de sua carreira de reconhecimento internacional, que inclui um prêmio Nobel da Paz, em 2007, junto a outros cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).


Mesmo com tantos desmandos praticados ano após ano contra a floresta Amazônica, Fearnside contina sendo um otimista. “Taxar a manutenção do meio ambiente como utópica é perigoso por transmitir a mensagem que manter ecossistemas naturais é inerentemente impossível, imaginando que ninguém faz nada para conter as perdas, já que vão ocorrer de qualquer forma. Claro que as ameaças são muitas, mas existem grandes áreas de floresta intacta na Amazônia e temos a opção de evitar os erros já cometidos por outros países, e também por outras regiões do Brasil, que já destruíram quase toda a vegetação natural”, avisou.


Novas utopias


Na sequência da noite, o projeto Alma (Academia Livre de Artes e Música de Ribeirão Preto) apresentou o espetáculo “Conglomerados Utópicos, Distópicas Paisagens”, com a participação de alunos de seu corpo experimental de dança. Em seguida, o jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor de livros como “1968 – O ano que não terminou”, “Cidade Partida” e “Chico Mendes – Crime e castigo”, apresentou sua visão sobre o tema. Para ele, a própria utopia sempre foi algo irônico, já que o filósofo Thomas More, autor do livro “Utopia”, apresentava o cenário de uma sociedade em que todos seriam felizes e ricos. “Porém, o próprio criador desse paraíso utópico morreu infeliz, preso e executado na Torre de Londres”, disse Zuenir.


Para o jornalista, o Brasil, de um jeito ou de outro, sempre experimentou um sentimento de utopia, seja olhando para a frente, como “o país do futuro”, ou para trás, com nostalgia dos idealizados “anos dourados”. “Estamos sempre esperando alcançar algo que nunca chega ou que já passou, mas na verdade, hoje, estamos em uma distopia como nunca vivemos, com um acúmulo de crises: de saúde, política, econômica, ética, social e ambiental”, enfatizou.


Para acompanhar todas as atividades do primeiro dia do “Revolução Poética – Festival de Ideias”, acesso o vídeo acima.

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