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A PALAVRA É: TERRORISMO

‘Um elemento surpresa de transmissão do medo’


Professora do departamento de relações internacionais da Unifesp, Juliana Bigatão, explica o terrorismo como o emprego da violência que tem como objetivo fundamental espalhar o medo, a insegurança e o terror


A terceira discussão da última terça-feira (15/9) do evento “20 Horas de Literatura” contou com a participação da professora de relações internacionais da Unifesp, Juliana Bigatão, via videoconferência, e o cientista político, Luiz Rufino, com mediação do palco do Theatro Pedro II. Juntos debateram uma única questão: o terrorismo é capaz de ruir as forças do estado democrático?

Para iniciar o debate, Juliana Bigatão explicou o terrorismo como o emprego da violência que tem como objetivo fundamental espalhar o medo, a insegurança e o terror. “Ele é pautado como um elemento surpresa e com a máxima de causar o maior dano possível e com a maior publicidade imaginável”. A docente esclareceu que o fenômeno do terrorismo extrapola qualquer definição de guerra, pois não existe um campo de batalhas. Ele é apenas baseado no elemento surpresa.

E quem emprega essa forma de violência? Para ela, geralmente são grupos ou indivíduos que possuem disparidades e assimetrias de poder com seu oponente e que tentam igualar-se em uma relação de forças. “É pela simplicidade operativa de baixo custo que estas ações causam resultados devastadores como nas guerras. Além disso, as pessoas que estão assistindo à cena passam a se sentir inseguras e amedrontadas”, alertou.

Juliana Bigatão e o mediador Luiz Rufino fizeram ainda uma análise sobre o fato do terrorismo ter se tornado popular, após o ataque de 11 de setembro, em Nova Iorque, nos EUA – considerado o maior ataque terrorista já registrado da história: 2.993 mortos e mais de 8.900 feridos. “Foi o momento em que os atentados mais se aproximaram de nós e saíram da esfera da discussão intelectual e passaram a ser populares. Hoje se conversa sobre terrorismo em qualquer escola de ensino médio e fundamental”, comenta o cientista político Luiz Rufino.

Sobre o atentado dos EUA, Juliana Bigatão comentou que a ação causou um forte interesse na população, de modo geral, por ter atingido uma potência mundial, que aparentava ser invencível, justo no coração financeiro do país. “Da mesma forma que se entende ter sido um ato abominável, jogando para os ares qualquer compreensão, a guerra ao terror foi viabilizada a partir de vários conflitos armados, gerando muito mais morte e destruição do que colocar fim ao terrorismo”.

E como combater o terrorismo? Para a professora, o primeiro ponto a se descartar é o conflito direto, uma guerra. Justamente por conta de os terroristas não terem uma face ou organização hierarquizada. “Há outras formas de se pensar, principalmente com o uso da inteligência e mapeamento das redes dos grupos. Temos um sistema financeiro totalmente integrado no mundo. Gastamos muito pensando em como desarmar um homem bomba, ao invés de sabermos porque ele se tornou um”, refletiu a professora ao final.

A ação “20 Horas de Literatura” aconteceu de 14 a 18 de setembro e foi realizada pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, em parceria com o Sesc-SP e a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. As palestras 100% online de 20 autores convidados para falar sobre 20 palavras relevantes para o Brasil e o mundo nas últimas duas décadas foram transmitidas ao vivo pela plataforma de conteúdo da Fundação (www.fundacaodolivroeleiturarp.com) e por suas redes sociais, como Facebook e YouTube.

Todas as transmissões contam com profissionais especializados em tradução e interpretação em Libras. As transmissões também estão disponíveis no site da Fundação e podem ser acessadas no YouTube ou Facebook.

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