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A PALAVRA É: REFUGIADOS

‘Que refúgio passe a significar esperança, empatia, acolhida‘


Para Diego Souza Merigueti, coordenador do Programa de Proteção Legal do Centro de Referência para Refugiados da CASP, a palavra ‘Refugiados’ tem carregado uma conotação muito ruim no cenário mundial, por mais que essas pessoas tenham um papel tão importante na construção das nações


Abrindo o evento “20 Horas de Literatura” no dia 16/9, quarta-feira, o advogado Diego Souza Merigueti apresentou as várias faces do termo “Refugiados” por meio de uma videoconferência. Sendo coordenador do Programa de Proteção Legal do Centro de Referência para Refugiados da Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP), afirmou que o que há de comum entre todas as definições e interpretações da palavra “Refúgio” é justamente a ideia de abrigo, a procura por proteção.

Mediado pelo músico e produtor cultural Elieser Pereira (Leser), a discussão foi apresentada pelas várias plataformas digitais da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto. Com a parceria do Sesc SP e da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, a Fundação tem realizado um circuito de palestras 100% digitais em um evento de comemoração aos 20 anos da Feira Internacional do Livro da cidade (FIL).


A palavra da vez foi escolhida pela frequência com que se propagou no mundo inteiro nas últimas duas décadas. “Quando recebi o convite para participar desse evento, parei para pensar no quanto essa palavra passou a fazer parte do cotidiano de pessoas que nunca tinham tido um contato real com o tema antes”, conta Merigueti. Ele diz que, em boa parte dos países pelo mundo, a visão que se espalhou sobre refugiados não reflete de fato o que eles são. “Há uma tendência de uma ordem conservadora no mundo inteiro, um discurso xenofóbico com o qual precisamos romper”.


Para ele, essa rejeição ao estranho e ao diferente, e essa prática de eleger inimigos em comum, costumam ser frequentes entre aqueles que não entendem de fato a realidade dessas pessoas. “Estamos muito acostumados a associar imigrantes a pessoas em situação precária. E isso pode ser verdade em muitos casos, mas na realidade o Brasil sempre foi um país construído e habitado por imigrantes”.


Diego ressaltou que é uma falácia o discurso recorrente de que os imigrantes podem acabar ocupando postos de trabalho de nascidos no país. “O imigrante traz uma carga cultural riquíssima e pode contribuir enormemente para a cultura e economia. Sempre acredito na potencialidade dos refugiados. São muitas vezes pessoas qualificadas que podem inclusive criar empresas no país e oferecer empregos”, argumenta. Além disso, o próprio Brasil é signatário de convenções, acordos e protocolos internacionais de acolhimento dessas pessoas pelo Estado. “Pode parecer que acolher é só um ato de bondade e caridade do governo, mas é mais do que isso: é um compromisso”.


Para finalizar, Merigueti também comentou sobre a situação de refugiados no Brasil, lembrando que sua maioria, hoje, vem da Venezuela. E também ressaltou o papel de organizações da sociedade civil, ONGs e programas como o Programa de Proteção Legal do Centro de Referência para Refugiados, da CASP, onde ele mesmo trabalha. “A gente tem que ter um respeito pelos indivíduos, temos que acolhê-los. Não podemos tratar alguém de maneira desigual por questões raciais, de gênero, pelo lugar em que a pessoa nasceu”.

As palestras de 20 autores convidados para falar sobre 20 palavras relevantes para o Brasil e o mundo nas últimas duas décadas têm transmissão ao vivo pela plataforma de conteúdo da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto (www.fundacaodolivroeleiturarp.com) e por suas redes sociais, como Facebook e YouTube. As palestras podem ser acessadas gratuitamente nos canais da instituição. Toda a agenda conta com profissionais especializados em tradução e interpretação em Libras.

O evento, que aconteceu de 14 a 18 de setembro foi uma ação comemorativa aos 20 anos da FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto).

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