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“Essa feira é resistência”, afirmou Ignácio de Loyola Brandão durante a FIL

Em conversa saborosa e descomplicada, o escritor membro da Academia Brasileira de Letras e o diretor regional do SESC, Danilo dos Santos Miranda, participaram do programa Fim de Expediente, transmitido em rede nacional pela rádio CBN diretamente da Feira Internacional do Livro



Fim do Expediente na FIL

A programação da 21ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (FIL), na sexta-feira, 26/8, teve encerramento com uma atividade inusitada. Diretamente do palco da sala principal do Theatro Pedro II, o ator Dan Stulbach, o escritor José Godoy e o economista Teco Medina comandaram o “Fim de Expediente”, programa semanal da rádio CBN, que recebeu nesta edição especial o escritor Ignácio de Loyola Brandão e o diretor regional do SESC São Paulo, professor Danilo dos Santos Miranda.



Fim do Expediente na FIL

O característico clima descontraído do programa - potencializado pela presença e participação da plateia -, entrecortado pela abordagem de temas atuais e nem sempre leves, ganhou humor e poesia nas falas de Loyola e reflexões incisivas na participação de Danilo Santos de Miranda. “O Brasil é um país que necessita de mudanças e a gente espera que isso aconteça em algum momento. Ainda guardo um pouquinho de esperança de melhoria”, iniciou o diretor do SESC. “Me entristeço em ver que, após 41 anos, a cidade de São Paulo se transformou na história que inventei. Nesses anos, não se evitou o pior. Mas eu amo esse país e vou amá-lo até o fim da minha vida”, emendou Loyola, em referência ao seu livro “Não Verás País Nenhum”, que já vendeu 1 milhão de exemplares e retrata a distopia de um país sem árvores, sem animais, sem cor e com sérios problemas ambientais.



Fim do Expediente na FIL

Com a pauta cultural na roda, Danilo Santos de Miranda não economizou em suas considerações. “A questão cultural é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. O viés do entretenimento é válido, mas não é o suficiente. Por isso, é tão importante favorecer a democratização do acesso à cultura, que não é apenas o mundo das artes, assim como educação não é apenas o mundo da escola. A cultura tem que ser aberta, democratizada na prática e acolhedora na programação e no espaço físico onde ocorre”, pontuou Danilo.


O diretor do SESC-SP festejou o retorno dos eventos culturais presenciais após dois anos de suspensão e comentou outros temas, como o papel dos espaços culturais institucionais no suprimento da falta de espaços públicos, a política de recursos públicos para a cultura, destacando a necessidade de aperfeiçoamento da Lei Rouanet, mas não de sua extinção, e anunciou a ampliação da unidade do SESC em Ribeirão Preto.


Em sua vez, Ignácio de Loyola Brandão abordou a questão celebrando FIL. “É preciso formar leitores e leitores que se formam indo à escola. Mas cadê a escola no Governo que vivemos? Essa feira é resistência; o Sesc é de uma resistência espantosa. São movimentos subterrâneos que estão acontecendo pelo Brasil e promovendo essa resistência. Estou muito feliz de estar aqui”, disse o escritor, afirmando que a literatura sempre o salvou.


E falando em resistência, Loyola, que tem 86 anos, contou que não pode viver sem um projeto e que está feliz por realizar, agora, um sonho de juventude. “Sempre quis ser roteirista da Vera Cruz e nunca aconteceu. Agora, dois livros meus foram vendidos para o cinema e os diretores e roteiristas me convidaram para escrever os roteiros junto com eles. Meu futuro é um projeto”, finalizou o escritor. Para Danilo Santos de Miranda, “o tempo só nos melhora e ter perspectiva de futuro independe da idade”, resumiu o diretor do SESC, de quase 80 anos.


Destaques do Dia

Eliana Alves Cruz

Quem visitou a FIL na sexta-feira (26) encontrou arte e cultura por todos os cantos desde às 9h da manhã. A programação do dia atraiu a população que se dividiu entre oficinas, apresentações artísticas, debates e lançamentos de livros e outras atividades. Todas gratuitas. Em salão de ideias no auditório da Biblioteca Sinhá Junqueira, a jornalista e escritora Eliana Alves Cruz falou sobre seus livros que misturam história e contemporaneidade, sobre as formas modernas de escravidão e a urgência social de se olhar para essa questão. Ela relatou suas experiências como jornalista e mulher negra em espaços como o universo da indústria audiovisual, onde integra a equipe de roteiristas da Viacom International Studios, e no site UOL Esportes, área do jornalismo ainda muito frequentado por homens. “O viés de raça e de gênero nas áreas onde atuo é bastante presente. No audiovisual, que é uma indústria muito rica, lidamos com estereótipos cristalizados no imaginário popular e que são reproduzidos por essa indústria. E é preciso um jogo de estratégias para mudar isso e essa mudança é um caminho sem volta”, comentou Eliana, que atualmente participa de roteiros de filmes sobre a vida de Anderson Silva e de Marielle Franco.


Na área esportiva, a jornalista trouxe ao debate a questão do sentimento de meritocracia desvinculado da consciência de privilégios. “O esforço e a dedicação de atletas de alto rendimento são muito grandes e quando a medalha chega, a tendência que ainda vemos é o atleta se sentir totalmente merecedor deste prêmio em função de seu trabalho, que é, de fato, louvável. Porém, é escandaloso que num país rico como o Brasil, muitos atletas passem por situações como treinar futebol descalço ou surfar em pedaço de isopor, por não terem condições financeiras para comprar seus equipamentos e viver somente da dedicação aos treinos. Isso é um horror, é dor, é sofrimento. Quem pode viver somente para treinar é, sim um privilegiado”, refletiu Eliana.


Ela ainda abordou o racismo no ambiente literário, “É mais complicado para autores negros chegarem às grandes editoras. Se afirmar como mulher, como negro, é um posicionamento necessário, mas as pessoas mais maliciosas nos empurram para um gueto onde só se fala sobre isso. E há, também, a constante desconfiança de que o sucesso de um escritor preto ocorre porque está na moda. Isso é cruel, dolorido e cansativo”, finalizou a jornalista, que também esteve no projeto Combinando Palavras.


Lançamento livro “Sem pedir licença - a modernidade invade os cafezais paulistas”, com Adriana Silva, Sandra Rita Molina e Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa

No quintal da Biblioteca Sinhá Junqueira, as escritoras Adriana Silva, Sandra Rita Molina e Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa, conversaram com o público da FIL sobre o livro “Sem pedir licença - a modernidade invade os cafezais paulistas”. Em artigos temáticos, as autoras colocam o resultado de suas pesquisas, que trataram contextualizar as mudanças e transformações sociais que a modernidade impôs a um sistema que vivia em torno da produção cafeeira, com todos os seus desdobramentos de relações entre as pessoas. “O processo da modernidade não pede benção a ninguém. Ele apenas chega, se instala e não há como deter. E os reflexos disso vão se espalhando nas novas formas de configuração econômica, social e cultural”, comentou a professora Lilian Rosa. Para a também professora Sandra Molina, a modernidade se mistura com tudo e mistura tudo. “Quando chega aos cafezais, a modernidade mostra que uma parcela da sociedade não terá acesso a ela e que o tempo pertence a quem pode tê-lo. Em Ribeirão Preto, por exemplo, a igreja de São Benedito deixou de existir para os negros. Por outro lado, há a fusão do campo com a cidade e a mistura da modernidade com as festas, com as gentes, com a cozinha, a reza, os imigrantes e os negros apartados de alguns eventos sociais. Tudo vai se misturando”, completou Sandra.



Sessões de Biblioterapia para 60+ e para Jovens

Atividades com foco no resgate da leitura e dos diálogos para contribuir com o emocional do leitor mostraram a força das palavras, como as Sessões de Biblioterapia para 60+ e para Jovens, ambas comandadas pela escritora, biblioterapeuta e diretora de operações do Observatório do Livro, Tatiana Brechani. Segundo ela, cada pessoa é um texto e a atividade resgatou experiências de cada um, mediados e orientados pela poesia, o conto e pela crônica. “Nestas sessões sempre há descobertas e redescobertas. Muitos dos participantes, depois da experiência passam a escrever, publicam seus livros; outros fazem amigos, mas principalmente o que percebemos é o quanto é importante este espaço de escuta para eles”, destaca. Outra atividade, a Oficina Tato da Thata, oferecida na Tenda SESC, com a poeta Thata Alves abordou a importância do auto-carinho, especialmente para as mulheres e propôs uma reflexão sobre o tempo que as mulheres não reservam para si mesmas.


Oficina Tato da Thata

Sobre a Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto


A 21ª edição da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto aconteceu de 20 a 28 de agosto de 2022 e trouxe como proposta de reflexão o tema “Do Caburaí ao Chuí: a força da Literatura Brasileira”. A proposição embasou todas as atividades e debates do evento. A feira consagrou-se como um dos maiores eventos culturais do país: 21 anos de história e 20 edições realizadas. Em 2020, a feira tornou-se internacional e em 2021 realizou sua 20ª edição, pela primeira vez, no formato on-line, devido à pandemia do Coronavírus.

Realização: Ministério do Turismo, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Usina Alta Mogiana, GS Inima Ambient e Fundação do Livro e Leitura apresentam a 21ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (FIL). Patrocínio Diamante: Usina Alta Mogiana e GS Inima Ambient. Patrocínio Ouro: GasBrasiliano e Savegnago. Patrocínio Prata: Passalacqua, Premier Pet, Pedra Agroindustrial, Ribeirãoshopping e Riberfoods, Usina Vertente,Tereos e Vittia. Patrocínio Bronze: Supermercados Gricki, MazaTarraf, Tracan, Santa Helena. Patrocínio: Madeiranit, Usina São Martinho, Tarraf. Instituição Cultural: SESC. Parceria Cultural: Fundação Dom Pedro II – Theatro Pedro II, Alma – Academia Livre de Música e Artes, Biblioteca Sinhá Junqueira, Centro Cultural Palace, Instituto do Livro, CUFA, A Fábrica, IPCCIC – Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais, Teatro Municipal de Ribeirão Preto, AbaCare, Associação de Surdos, CAEERP, FADA, Fundação Panda, Ribdown, SOMAR. Apoio: ACIRP, Base Química , Cenourão, Combustran, DTEK, Durati Distribuidora, Lopes Material Rodante,Molyplast, Mialich supermercados, Santa Emília, Transmogiana,Tonin, Vantage – Geo Agro, ViaBrasil, Coderp, Transerp, Guarda Civil Municipal, Polícia Militar, Secretaria de Cultura e Turismo, Secretaria de Educação, Secretaria do Meio Ambiente, Secretaria de Infraestrutura. Apoio Cultural: Convention Bureau, Colégio Marista, Diretoria de Ensino – Região de Ribeirão Preto, ETEC – José Martimiano da Silva, Educandário, SESI, Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Unaerp, NW3, Grupo Utam, Monreale Hotéis, Painew, Verbo Nostro Comunicação Planejada e Instituto Unimed.

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